A Semana de História da Universidade Federal de Viçosa apresenta sua oitava edição, com o título Caminhos da História: como circulam os saberes. A edição trabalha com uma ideia principal: a divulgação histórica na sociedade de uma forma democrática. Assim posto, elegemos o conceito de circularidade, tal como proposto pelo historiador Carlo Ginzburg em sua afamada obra “O queijo e os vermes”, como fundamental para pensar os caminhos da história. Julgamos que a circularidade ajuda a apreender o movimento que os saberes realizam no seio de uma sociedade, comunicando extratos sociais à primeira vista segregados ou opostos. Trabalhar com a circularidade permite entender que os conhecimentos criados em determinado lugar social podem ser recriados a partir de outros lugares e, a partir desses, gerar um novo movimento cultural, que circula mais uma vez passando, até mesmo, de influenciado a influenciador, fazendo saber que a cultura é diversa e plural e que não há um único pólo difusor e promotor de ideias culturais, mas uma rede intrincada e diversa que produz os saberes. Acreditamos que o ofício do historiador, nos dias atuais, está, fundamentalmente, associado com a popularização do conhecimento, tornando, dessa forma, uma construção plural dos saberes, sejam eles vindos da academia, das escolas, das ruas ou dos diversos espaços pelo mundo que por sua resistência construíram traços de nossa identidade brasileira.

Reconhecemos, além de nossa aspiração social, a importância da pluralidade de saberes que constituem as pesquisas historiográficas nos nossos dias. Procurando aproximar-nos de suas correntes mais recentes, que priorizam o quotidiano, convidaremos palestrantes capazes de inspirar e de fornecer, concretamente, ferramentas teóricas e metodológicas aos estudantes de História de nossa universidade. Entrementes, neste ano de 2023, faz-se possível olhar para um passado recente e analisarmos resultados, avanços e também retrocessos. Temos a oportunidade de colocar em pauta os 20 anos da Lei 10.639, de 2003, que estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de “história e cultura afro-brasileira” nas grades curriculares do ensino fundamental e médio. Dessa forma, historiadores terão a possibilidade de analisar como essa expansão do conhecimento acadêmico está sendo realizada em outros espaços e quais são os diálogos que estão sendo construídos consoante a uma popularização dos saberes.